Eleições para a Câmara Municipal da
Guarda
29 de Setembro de 2013
MANIFESTO
ELEITORAL
Romper com a fatalidade da crise e os
seus responsáveis
Pelo progresso da Guarda num Portugal
libertado
No próximo
dia 29 de Setembro, o povo da Guarda vai ser chamado a votar para os órgãos
autárquicos do seu município. Nesse acto de cidadania, a descrença nos partidos
e nas políticas que mergulharam a Guarda numa das maiores crises da sua
história terá de ser transformada numa afirmação de querer e de vontade para
vencer essa crise e derrotar os seus responsáveis.
A crise que
está a comprometer o futuro da Guarda e respectivos responsáveis têm o seu
rosto nas candidaturas que representam o PS e o PSD/CDS no sufrágio de
Setembro.
O poder
autárquico na Guarda sempre foi exercido pelo PS, com maioria na Câmara, na
Assembleia Municipal e num conjunto de freguesias, e pelo PSD, com maioria nas
demais freguesias e com fortes representações, ainda que minoritárias, nos
órgãos do município. O balanço desse poder autárquico é fortemente negativo.
A maioria
dos guardenses não se reconhece numa governação autárquica que sempre se
preocupou mais em alimentar uma rede clientelar de interesses particulares e de
captação de votos em futuras de eleições, do que em atender seriamente aos seus
interesses e aspirações.
Hoje, a
Guarda é uma cidade (e um concelho) em profunda decadência, sem indústria, sem
agricultura e, a prazo, sem serviços; minada pelo desemprego e pela perda
drástica do poder de compra dos seus habitantes; sangrada da sua população mais
jovem e impossibilitada de atender com um mínimo de humanidade às necessidades
da sua população mais carenciada; com um património gravemente ameaçado ou em
degradação acelerada; e, por cima de tudo isto, completamente sequestrada na
sua autonomia financeira e na sua capacidade de responder à crise e tirar
partido das fortes potencialidades de que dispõe.
Não é só a
uma má governação autárquica que se devem os graves problemas que a Guarda
atravessa. A governação nacional, a cargo de governos do PS, do PSD e do CDS,
tem sido profundamente negativa para o desenvolvimento e até para a
sobrevivência da Guarda e da sua região. O actual governo de Passos Coelho e
Paulo Portas agravou de uma forma inaudita as políticas antipopulares que os
anteriores governos tinham praticado.
A promoção
deliberada e programada do desemprego, os roubos continuados dos salários e das
reformas e o aumento brutal dos impostos que o actual governo tem levado a
cabo, são um garrote implacável que arruína a economia local da Guarda.
Os cortes
cegos e sistemáticos nos serviços públicos da saúde, da educação e da segurança
social que o governo continua a praticar, representam mais um golpe fatal nas
condições de vida da população trabalhadora da nossa região.
As
portagens nas auto-estradas e a completa ausência de investimento público nos
projectos estruturantes de que a Guarda necessita, são um factor terrível de
degradação e desertificação que a Guarda de forma alguma pode suportar.
A remissão
da cultura, do desporto e do lazer para a categoria de actividades supérfluas
que os poderes públicos não devem apoiar e a que a maioria da população não tem
o direito de aceder, constitui o derradeiro atentado do governo PSD/CDS para
eliminar todas as condições de uma existência minimamente digna e civilizada.
Perante
todos estes ataques e malfeitorias do governo central, que tanto afectam e
prejudicam a Guarda e os seus habitantes, a Câmara Municipal não pode continuar
a adoptar a atitude complacente e cúmplice que tem revelado até aqui.
A Câmara
Municipal da Guarda tem de ser, na actual conjuntura, um exemplo na denúncia e
na resistência contra um governo ilegítimo e antipatriótico que está a destruir
por completo a nossa cidade e a nossa região.
A Câmara
Municipal da Guarda tem a estrita obrigação, ética e política, de apoiar todas
as iniciativas de luta que os trabalhadores dos diversos sectores de
actividade, os movimentos cívicos, os empresários que estão a ser levados à
ruína e a população em geral desenvolvem contra as medidas terroristas e
antipopulares do governo Coelho/Portas.
A postura
da Câmara Municipal da Guarda perante o actual governo e as suas políticas não
pode continuar a ser a de as tomar como uma fatalidade a que não se pode fugir.
A Câmara Municipal da Guarda tem de colocar-se do outro lado da barricada, do
lado dos que procuram e acreditam numa alternativa.
Se adoptar
esta postura de luta e de resistência, ombro a ombro com os sectores
democráticos e patrióticos que representam a esmagadora maioria da população do
concelho, a Câmara Municipal da Guarda assumirá sem reservas a rejeição frontal
do actual processo de reorganização administrativa do país.
Um tal
processo visa centralizar em entidades regionais de largo espectro todas as
funções políticas, administrativas e de proximidade às populações que
actualmente são desempenhadas pelos municípios e pelas freguesias. Mais do que
isso, tal processo tem por objectivo tornar mais rentável a exploração
lucrativa dos serviços públicos que o governo pretende privatizar, através da
concentração desses serviços num número reduzido de grandes pólos urbanos.
Esta
regionalização da administração e dos serviços tem de ser firmemente combatida
já que, a concretizar-se, agravará brutalmente as condições de vida das
populações e terá efeitos particularmente destrutivos nas regiões mais
vulneráveis do interior do país, acelerando a sua desertificação e destruindo a
sua economia. A Guarda é um dos exemplos mais dramáticos dessas regiões e
dessas consequências.
A Guarda
tem de preservar a sua autonomia política e administrativa, assim como o terá
de fazer em relação à sua autonomia financeira. A Câmara Municipal da Guarda
nunca deveria ter aceite celebrar com o governo um chamado Plano de Ajustamento
Financeiro Municipal (PAFM), ao abrigo de um denominado Plano de Apoio à
Economia Local (PAEL).
Um tal
plano financeiro reproduz para a escala municipal os termos, os princípios e os
procedimentos do plano dito de ajustamento celebrado entre o governo da
República e a tróica alemã e terá consequências similares no agravamento das
condições de vida das populações, no aumento das taxas e dos impostos
municipais e na supressão de serviços públicos essenciais prestados pela
Câmara.
Se foi o
endividamento excessivo e a má utilização dos dinheiros a cargo do município
que conduziram ao PAFM e ao PAEL, a solução em que a Câmara Municipal da Guarda
embarcou para supostamente resolver esse problema só irá contribuir para o
agravar.
Se o PAFM
não for denunciado, como se impõe, e se a gestão municipal não passar a ser
conduzida com a correcção, o rigor e a transparência que lhe tem faltado até
agora, a Câmara Municipal da Guarda deixará de prestar serviços aos cidadãos,
não conseguirá desempenhar as funções indispensáveis de apoio à economia local
que lhe competem e acabará por ter de alienar todo o património de que dispõe
para poder pagar as suas dívidas.
Sem deixar
de promover e aderir a todas as formas de associativismo municipal que se
revelem adequadas e exigindo sempre as dotações do Orçamento Geral do Estado a
que tem direito como contrapartidas dos impostos pagos pelos seus habitantes e
dos custos de interioridade que o concelho suporta, a Câmara Municipal tem de
ter a força política e a autonomia necessárias para colocar a Guarda no patamar
que lhe compete à escala nacional, regional e local.
Como
principal porta de entrada e saída entre Portugal e o continente europeu e
estando na confluência das principais vias de comunicação regionais, a Guarda
tem de fazer dessa posição estratégica o principal trunfo para o seu
desenvolvimento.
A
Plataforma Logística, já lançada mas nunca consolidada e desenvolvida, tem de
constituir-se como um centro comercial e industrial de excelência. A iniciativa
empresarial é fundamental neste processo, assim como o tem de ser o apoio do
governo central, tendo em conta a importância nacional deste projecto.
À Câmara
Municipal cabe um papel insubstituível no desenvolvimento da Plataforma
Logística. Um tal papel deve incluir a exigência de que a futura linha
ferroviária de alta velocidade para transporte de mercadorias, que haverá de
ser construída ligando Aveiro a Espanha e à Europa pela porta de Vilar Formoso,
tenha uma paragem na região da Guarda, com um acesso rápido à Plataforma
Logística. Também por razões comerciais de transporte de mercadorias, mas não
só, a Câmara Municipal tem de empenhar-se na reposição e requalificação da
ligação ferroviária entre a Guarda e a Covilhã.
Devendo a
prioridade principal da Câmara Municipal da Guarda ser o apoio às actividades
económicas e ao emprego, outras vertentes se revestem de importância relevante
para que tais esforços tenham o resultado esperado.
A Câmara
Municipal deve apoiar fortemente o Instituto Politécnico da Guarda e o
estabelecimento de ligações privilegiadas entre esta instituição e o tecido
empresarial, em projectos inovadores de interesse para a cidade e para a
região.
As
actividades agrícolas, pecuárias, da floresta e de outros produtos locais não
podem continuar a ser o sector menosprezado que tem sido até aqui nas políticas
municipais. De entre essas políticas, o apoio à comercialização dos produtos
deve ocupar um lugar privilegiado. O mercado municipal tem de ser requalificado,
de modo a transformá-lo numa importante zona de comércio fortemente
incentivadora das actividades locais e tradicionais.
Um sector a
que deve ser reconhecida uma importância estratégica para a Guarda é o do
turismo. A Guarda deve assumir-se como o centro catalizador de uma rede de
turismo cultural e natural como não haverá outra em todo o país, a qual inclui
dois locais reconhecidos como Património Mundial, quase todas as aldeias
históricas classificadas, a Serra da Estrela e muitos outros centros de elevado
valor histórico e paisagístico.
A
importância turística da Guarda reside também no seu próprio património urbano.
É imperioso revalorizar e requalificar a cidadela histórica e as zonas
circundantes, mediante um plano de conjunto elaborado pelos melhores
especialistas e amplamente debatido pela população. Esta área deve
constituir-se como um pólo cultural, cívico e comercial de que todos os
guardenses se orgulhem e que sirva para afirmar a Guarda como o centro de uma
rede de lugares históricos que são um símbolo ímpar da identidade nacional.
Para
melhorar a sua atractividade e a qualidade de vida dos seus habitantes, a
Guarda deve afirmar-se como cidade de cultura, de saúde, de desporto e de
lazer.
O Centro de
Estudos Ibéricos representa uma instituição de inegável importância para a
valorização cultural da Guarda. Para além de ser um lugar de encontro e de
colaboração entre duas universidades prestigiadas, o CEI deveria ser ele
próprio uma estrutura de referência no ensino e na investigação, dotada de
instalações mais amplas e capaz de trazer para a Guarda académicos e
investigadores em diversas áreas, como a história, a literatura, a arqueologia,
a economia, o direito, a sociologia, entre outras.
O Teatro
Municipal da Guarda deve continuar a ser o espaço de referência a que tem
direito. Há que recusar qualquer forma de alienação ou privatização do TMG e
dotá-- lo das condições necessárias a uma programação de qualidade.
Na saúde, é
indispensável a abertura e a conclusão do novo hospital. A Câmara Municipal
deve bater-se e apoiar todas as iniciativas conducentes a que o hospital
distrital da Guarda tenha a necessária autonomia e disponha de serviços de
qualidade em todas as valências e especialidades.
Há que
promover a construção de um complexo desportivo municipal digno desse nome, que
seja um poderoso incentivo à prática do desporto por todas as camadas da
população e que seja simultaneamente um centro de lazer e de convívio de alta
qualidade.
O Parque
Polis tem de ser preservado e valorizado como importante lugar de convívio, de
lazer e de prática desportiva. A Câmara Municipal deve incentivar a sua
ocupação plena nas diversas épocas do ano, através de iniciativas várias que
tirem partido das suas potencialidades.
Deve
proceder-se igualmente ao alargamento e requalificação do Parque Municipal, o
qual deverá passar a abranger os terrenos do actual parque de campismo e do
Bairro da Fraternidade.
Um novo
parque de campismo deve ser construído na zona da barragem do Caldeirão,
requalificando-se essa área como um importante pólo de turismo e de lazer.
Finalmente,
deve ser instituída uma grande Feira Municipal anual, no Verão, que prestigie a
Guarda pela qualidade, diversidade e dimensão das suas mostras e manifestações,
tanto na área económica como nos domínios cultural e lúdico.
O futuro
executivo camarário deve pautar a sua acção por uma forte ambição para a Guarda
e por uma inquebrantável confiança no futuro. Para isso, é necessário ter
projectos e capacidade de mobilizar as forças vivas da cidade e do concelho
para os concretizar. E é indispensável também que sejam derrotadas as políticas
do actual governo, derrubá-lo e construir uma alternativa. Com luta, saber e
determinação, os nossos sonhos e objectivos serão certamente alcançados.
Guarda, 9
de Agosto de 2013
A
Candidatura do PCTP/MRPP
à Câmara Municipal
da Guarda
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